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  • Enfª Carmen Ferreira

Sexualidade na gravidez


Este tema é muito pensado nas nossas cabeças… mas pouco nas consultas! Em geral os casais sentem vergonha de partilhar as suas dúvidas com o profissional de saúde e muitas vezes até preferem que não falemos disto (é sempre aquele elefante no canto da sala que todos vêem mas ignoram que está lá!). E muitas vezes o profissional não está preparado para falar desta assunto ou coloca-o de parte como não sendo importante para o casal grávido.

Por isso hoje vamos a isso, sem rodeios:

O que muda?

Existe uma alteração do desejo sexual da mulher durante a gravidez, em geral as mulheres tendem a estar mais predispostas ao sexo nesta fase, pois sentem-se bem consigo e confiantes. Porém, cada caso é um caso e a maneira como vivemos a gravidez e a relação com o parceiro influência a sexualidade da mulher. O homem é um ser mais sexual que a mulher e por isso tende a ser mais físico. Ao contrário da mulher vive a sua sexualidade de forma mais pensada e emocional (portanto, se vocês se zangaram porque ela queria comprar um vestido cor-de-rosa com flores e vocês disseram que era ridículo…. esta noite pode não vai correr a vosso favor meninos!).

Para muitos a sexualidade envolve a penetração, mas não é tão simples quanto isso. É um fenómeno tão complexo, que envolve desde olhares ao toque. Portanto, na gravidez se em alguns casos a penetração for contra-indicada (já veremos em que situações), existem muitas opções para ajustar a cada caso.


As hormonas femininas estão ao rubro na fase da gravidez e um simples gesto carinhoso pode promover o contacto físico e assim ajudar na conexão sexual. Mas isto também pode jogar ao contrário (como vimos no exemplo anterior). Logo, a dica que eu deixo é que as mulheres é comuniquem o que querem aos homens (eles precisam de indicações meninas, não são tão ágeis como nós a perceber pelo instinto algumas coisas - Mas são fantásticos a montar os “ovinhos” dos bebés - por isso é que são uma equipa! ;) ).


Por outro lado, a nossa imagem corporal vai mudar e isso muitas vezes é um problema para a mulher e aqui necessitamos de um reforço positivo mais frequente do maridão para vos demonstrar o quão bonitas e harmoniosas estão (mesmo que pensem que são uma melancia! Não são!!! Não deixem que o vosso ego vos diga coisas destrutivas e irreais, prejudicando assim a ligação com o vosso parceiro). Meus senhores esta sensibilidade é agora então requerida da vossa parte (sem limites de dosagem, podem e devem abusar da prescrição)!

Medos e receios

Muitos casais apresentam mitos e até mesmo receios face à sexualidade na gravidez. Para os homens principalmente tudo isto é assustador e sentem que participam pouco no processo da gravidez, o que leva a insegurança e isso afecta o comportamento sexual. Os medos mais comuns são: “ Será o bebé sente dor?”, “Com a barriga maior certas posições são mais difíceis”, “A penetração pode provocar contracções?”. Eis a resposta:

  1. O bebé não sente nada fisicamente, mas sente o bem-estar da mãe que por sua vez vai proporcionar bem-estar ao bebé. E a mãe também não vai sentir dor e caso o sinta, pois a mulher está mais sensível, deve ser comunicado para ajustarem estratégias.

  2. De facto com a barriga mais saliente, é natural que algumas posições não sejam tao favoráveis. Mas aproveitem e inovem! Comuniquem e abertamente falem do que preferem e gostam mais. Pode ser uma excelente altura para um autoconhecimento nesse sentido e dinamizar um pouco mais os vossos lençóis.

  3. Durante o acto sexual (não só com a penetração) a mulher liberta a hormona ocitocina (chamada de hormona do prazer). Esta hormona é responsável pelo trabalho de parto, provocando as contracções e pela saída do leite materno (mais à frente). Logo, se têm 40 semanas de gestação (ou mais) podem e devem abusar do acto sexual para começar a estimular de forma natural (e amorosa!) o trabalho de parto.

Sabia que: O esperma do homem ajuda a amolecer o colo do útero, o que é fantástico para quem está no limite da gestação e está ansioso por conhecer o bebé. Esta intervenção natural pode ajudar bastante principalmente nos primeiros filhos, onde o colo do útero em geral é mais rijo.


Contra-indicação

Toda esta parte é fantástica mas por vezes não pode ser colocada em prática porque existem complicações da gravidez. Quando elas existem muitas vezes recomenda-se abstinência sexual num período delimitado de tempo (em geral a penetração).


Recomenda-se abstinência sexual nas seguintes situações:

- Placenta prévia

- Ameaça de parto pré-termo


DICAS:

- Comunicar é fundamental, dizer o que querem e o que não gostam para encontrarem um meio termo agradável aos dois.

- Tranquilize o seu parceiro e peçam para abordar algumas dúvidas até com o vosso profissional de saúde de referência.


- Não levem a mal se algum dos parceiros não tiver vontade de ter relações sexuais, devem respeitar e tentar perceber a causa de forma construtiva. Muitas vezes é necessário acompanhamento do casal a nível psicológico, pois muitas situações vividas na gravidez já vêm de anteriormente e agora têm um peso acrescido. Não tenham medo ou vergonha de pedir ajuda! Até porque a sexualidade é muito importante num casal!


- Não permitir comportamentos abusivos por parte do parceiro, independentemente da relação sexual. É fundamental que o companheiro(a) nos respeite e perceba as nossas opções, estando disposto a negociar e não a impor a sua vontade. Nunca se devem sentir forçados a nada, muito menos a ter relações sexuais sem o vosso consentimento. Muitas relações tornam-se abusivas neste sentido, sendo um grande RED ALARM!


Como diz o Marvin Gaye: Let´s get it on!


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